Tuesday, December 29, 2015

Prólogo de O Anticristo - Friedrich Nietzsche


Este livro destina-se a muitíssimo poucos. Talvez nem sequer um deles
viva ainda. Serão esses, porventura, os que compreendem o meu Zaratustra: como eu poderia me confundir com aqueles a quem já hoje se dá ouvidos? – Só o depois-de-amanhã me pertence. Alguns nascem póstumos.
As condições para me compreender, e então compreender necessariamente, eu as conheço muito bem. É preciso ser íntegro até a dureza nas questões do espírito para tão somente suportar a minha seriedade, a minha paixão. É preciso estar afeito à vida nas montanhas – a ver abaixo de si a deplorável tagarelice atual da política e do egoísmo dos povos. É preciso ter se tornado indiferente, é preciso nunca perguntar se a verdade é útil, se ela pode desgraçar alguém... Uma predileção, própria da força, por perguntas para as quais ninguém hoje tem coragem; a coragem para o proibido; a predestinação ao labirinto. Uma experiência haurida de sete solidões. Ouvidos novos para música nova. Olhos novos para o mais longínquo. Uma consciência nova para verdades que até agora permanecem mudas. E a vontade de praticar a economia do grande estilo: conservar a sua força, o seu entusiasmo... O respeito por si mesmo; o amor por si mesmo; a liberdade incondicional frente a si mesmo...
Pois bem! Apenas esses são os meus leitores, meus verdadeiros leitores, meus leitores predestinados: que importa o resto? – O resto é apenas a humanidade. – É preciso ser superior à humanidade pela força, pela altura da alma – pelo desprezo...

O Anticristo (Prólogo) – Friedrich Nietzsche

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É de uma sensação inenarrável ler os dizeres de um de seus maiores mestres sobre seus leitores, e ver, esculpido com a imponência e genialidade de suas palavras, uma espécie de aval de confirmação sobre o caminho o qual você está seguindo. Algo que me causou literalmente uma ansiedade e me deixou eufórico de êxtase... este êxtase ideológico e literário que Nietzsche consegue me causar como ninguém. Foi como ouvir de seu mestre: “Continue assim, você está no caminho certo.”
Realmente ler este prólogo me causou uma sensação única dentre inúmeras leituras que já realizei; uma honra das mais significativas ler seu mentor demonstrando a dignidade a qual seus leitores e, consequentemente, os que o compreendem, devem possuir para tal, leitores de “depois de amanhã”, os que compreendem o grandioso Zaratustra... leitores dignos da filosofia do Super-Homem (Übermensch)... leitores os quais você é um. É difícil traduzir escrevendo quanta força intelectual vivente é sentida quando tal poder lhe arrebata. É sentido este ímpeto o qual você já possuía, porém aumentado num pico de proporções descomunais quando você se vê trilhando o mesmo caminho dos grandiosos seres humanos que aqui pisaram. Você torna-se digno de um ser humano grandioso. É como não só caminhar entre gigantes, mas, além de ter o conhecimento de ser-te digno de caminhar entre eles, é como possuir o consentimento deles... o aval da dignidade de ser um gigante. Sou agora um andarilho entre gigantes, trilhando o caminho derradeiro dos seres humanos mais elevados que existem e existiram.
Não me soa exagero achar-me digno quando possuo parâmetros ditados pelo meu próprio mentor, e em suma, verdadeiramente os possuo, talvez não de forma completa e plena, claro, mas o caminho está sendo trilhado, como dito; e é o caminho o qual Nietzsche aponta, o caminho infindável para cima, o caminho o qual possuo a honra de ter lido do mesmo que estou seguindo, que sou apto a segui-lo... sigo a ponte entre o macaco e o Super-Homem... afim de me tornar o próprio. Sem Limites.

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