Friday, November 13, 2015

Escrever

Escrevo pois o amor me move, escrevo pois o cultuo-o,
Escrevo pois a dar-lhe voz, pois jamais se vive com um amor mudo.






Sátiros esculpidos de sua própria mármore


Poder fazer a própria liberdade acontecer,
Romper os grilhões auto impostos da vida. Vínculos.
E a piedade, a clemência? A ética será um limite moral?
O que impomos, é escolha.
O que nos é imposto, não.
Devemos dar o direito à vida de nos limitar? Devemos nos tornar bestas livres?
Qual o preço da tão cogitada e enaltecida “liberdade”?
Quer abraçar o Caos, mas não quer que  ele o sobrepuje. Ah, ignomínia hipocrisia.
Querdes impor tua vontade?
Prepara-te para terdes vontades impostas à ti.
És rígido, frívolo e apaixonado o suficiente para aguentar a liberdade? A liberdade de criar?
E para criar, será necessário destruir, para reedificar.
És rígido, frívolo e apaixonado o suficiente para aguentar a liberdade? A liberdade de destruir?

Sê tu a pedra. Sê tu o martelo.
Sê tu o esculpido. Sê tu o escultor.
Destrói e recria a ti mesmo.
Atenha-te, porém, à isto: Não estão preparados para destruidores, criadores. Talvez seja sempre “cedo demais” ou “tarde demais”.
Portanto à nós, a solidão está reservada, como único alento, único refúgio.
Pois apenas nela podemos exercer nossa liberdade.
Isolar-se, estender-se aos bosques, aos litorais, aos montes, aos vales...
Como sátiros esculpidos de sua própria mármore.
Partindo à desbravar a vida, a terra, o mar! Exalar a alegria oriunda de nossa flauta a ressoar!
Pelo vento que corre conosco, a cantar por tudo que passas; tua voz também  é a nossa.
Nosso sopro em sinfonia ao trepidar de dedos pela flauta; nosso sopro, nossa voz a soar.
Teu rumo também é o nosso, às planície, aos montes, ao horizonte... sem limites.
Conquista da felicidade pela real liberdade.
Nosso uivo solitário aos ouvidos bem aventurados, para que, ouvindo, sigam o som de nossas flautas aos vales e montes isolados. Neste coro de poucas vozes entoaremos nossa ode.
A entoar canções por nossa vida finalmente alegre, finalmente liberta!
Que apreciemos-na e cultuemos-na acima de todos os cultos.
Que as estrelas as quais avistamos a deitar na relva ou na pedra, à brilhar no céu noturno, e a donzela lunar, sejam testemunhas e precedentes proféticos.
Do Sol nascente de uma vida feliz, à queimar em seu ápice, dourado, pleno.
E neste momento de mais grandioso ímpeto,
Subiremos em nossa Ode, em nosso último e mais alto cume.
A entoar nosso sopro final e mais belo de vida.  




Tu em ti mesmo, o Demônio em si

Caminho em minha derradeira jornada, Em minha marcha indomável,
Sigo aquela com a luminária dos sábios, pelo infindável caminho.
Padeceram-se todos, inclusive eu mesmo.
Destitui o trono da consciência.
Onde está o bem? Onde está o mal?
Oh, a luz que ilumina também é a luz que cega.
Voam ao meu redor, e cantam angústias, desejos, sonhos...
Voam ao meu redor, num incessante e ensurdecedor farfalhar...
Vozes se arrastam lúgubres e imponentes.
Urro como o trovão da divindade:
“Quem sois vós?!” ...
“Em resposta a teu clamor... somos tu.”

Versos em Tinta

Nos traços de um desenho a versos de poesia
Uma nova paixão faz-se dia!
Nossas tempestades, pelas janelas entrecortaram-se
E de um vento cinzento ao quebrar de rochas ao mar,
Um pensador deixou de explicar, um artista deixou de pintar,
Apenas o eco de dois corações a pulsar...
Pulsando um à razão, pulsando outro à emoção.
Mas o sangue ainda é o mesmo; vermelho e vívido! E isso nos faz vivos!
E estando vivos, pois, conquanto vivos,
Amamos.
Farei de minha razão tinta, e tua emoção tela,
Em vermelho vívido traçarei as linhas da verdade à iluminar-lhe a vida.
Faça de tua emoção tinta, e minha razão tela,
Em vermelho vívido pinte a graciosidade da vida banhada a sentimentos.
E, em nossa tela, onde vivemos, Saturno em comunhão com Vênus, mistura de versos em tintas, de vermelha vívida alegria.
Alegria esta, que nos faz vivos!
E estando vivos, pois, conquanto vivos,
Novamente amamos.