Thursday, September 27, 2012

Juventude (de 1886 para o Mundo)

"Nos anos de juventude, ainda se venera e despreza sem aquela arte da nuance que constitui o melhor ganho da vida e, como é justo, precisa-se pagar caro por ter atacado desse modo homens e coisas com um sim ou um não. tudo está disposto para que o pior de todos os gostos, o gosto pelo incondicional, seja cruelmente enganado e abusado até que o homem aprenda a colocar alguma arte em seus sentimentos e , de preferência, ainda ousar na tentativa com o que é artificial: como o fazem os verdadeiros artistas da vida. A cólera e a veneração, próprias da juventude, parecem não sossegar antes de falsear homens e coisas de tal modo que possam desafogar-se sobre eles: - a juventude já é em si algo falsificador e enganador. Mais tarde, quando a alma jovem, torturada por grande número de desilusões, finalmente se volta desconfiada contra si própria, ainda ardente e selvagem, também em suas desconfianças e remorsos: como então ela se irrita, como ela se despedaça impacientemente, como ela se vinga por sua prolongada auto-obcecação, como se ela tivesse sido uma cegueira voluntária! Nessa transição, ela pune a si própria através da desconfiança para com seu sentimento; tortura seu entusiasmo através da dúvida, até já sente a boa consciência como um perigo, uma auto-dissimulação, e um cansaço da honestidade mais sutil, por assim dizer; e, sobretudo, toma partido, e partido pos princípio, contra "a juventude". - Uma década depois: e se compreende que mesmo tudo isso ainda - era juventude!"

Friedrich Wilhelm Nietzsche
Além do Bem e do Mal (1886)

Para os jovens, tanto de consciência quanto de idade, de todo o mundo.

Quantas autodestruições você já fez na sua vida? Uma, se digna, talvez seja o bastante. O trágico é ver que muitos nem o fizeram uma única vez, mais trágico ainda é ver às vezes que os que se descobriram jovens, não tem a coragem da autodestruição para evoluir e insistem na adaptação e contentamento com a própria ignorância jovial, baseados na intensidade de tudo e na impaciência. Mergulhados nessa eterna juventude. Jovens... ai, ai.


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