Friday, July 5, 2013

Syd Barrett

Syd Barrett, fundador e primeiro vocal/guitarrista do Pink Floyd. Infelizmente não é tão reconhecido, tanto pelo que fez ou tanto por simplesmente estar no Pink Floyd! Sim, muitos nem sabem da existência de Syd, sendo cegados pela formação clássica Gilmour, Waters, Wright e Mason ; não criticando a formação clássica e a perfeição que o Pink Floyd alcançou com tal, mas ignorar ou esquecer de um dos integrantes principais da banda, que fez muito por ela e tinha uma maravilhosa genialidade infelizmente não reconhecida e mal interpretada. Muito veem a música de Syd, tanto solo como no Pink Floyd, como um som aleatório e disforme... pois essa era uma das características que era proposital, com uma forma de psicodelismo diferente do Pink Floyd após Syd, o que fica bem óbvio se analisarmos os 2 primeiros álbuns (os únicos com a presença de Syd) e os álbuns seguintes. Mas antes de diferenciar os estilos do Pink Floyd na Era Syd e Pós Syd, tenho que falar um pouco de quem era Syd.
Posso resumir num termo, que acho que é o que mais identifica Syd pra mim e o que mais me encanta e entristece-me por isso: um gênio incompreendido. Sempre me identifico com tais de uma forma única! Gênios incompreendidos sempre serão fascinantes e adorados por mim, e praticamente todos os gênios um dia foram incompreendidos, sim, mas os que passam por isso mais tempo ou nunca tem sua genialidade reconhecida realmente me cativam de forma única. Syd tinha um estilo diferente de fazer música, realmente, com um psicodelismo clássico e óbvio, com todos os aspectos de cores, fantasias e afins de uma digna viagem com LSD. Syd era um usuário ávido de LSD, diariamente praticamente tomava doses absurdas de ácido (motivo pelo qual contribuiu bastante para suas crises e vindouros problemas mentais, mas não foi causa de sua morte ou nenhum complicação que pudesse acarretar tal.) e como todos os músicos da época que era usuários, tinham suas sensações e viagens como maior inspiração para suas músicas, mas sempre com um “Q” de sua personalidade inserida em tais. E Syd tinha uma alma imortal de uma criança, e isso fica bem claro em suas letras e estilos, com inúmeros contos de fadas, criaturas fantásticas etc ; o que é maravilhoso, pois era um homem que não perdeu sua essência da infância. Sua maravilhosa visão de todas as maravilhas de forma psicodélica era fascinante, e infelizmente incompreendida. Esse era o principal aspecto que infelizmente não era reconhecido; consideravam sua música de certa forma “infantil” e sem seriedade, tragicamente isso se perpetuou. Tal aspecto de sua forma de fazer música demonstrava uma beleza única, diferente, que não tinha estética como foco, mas sim a beleza do olhar de uma criança para a música e certas coisas do mundo quando em suas viagens mentais. Sua falta de estética para com a música também é mal vista, e isso é mais difícil de se contornar, realmente. Mas a impressão da estética quase sempre é deixada de lado quando você entende o que realmente é pra estar sendo transmitido pela letra e pelo ritmo. E é assim com Syd, que tinha um objetivo diferente em passar sua música, que não era apenas sobre suas viagens psicodélicas. Sua música transmitia essa aura infantil, já dita anteriormente, e tendo essa visão, compreende-se praticamente em sua totalidade o que Syd queria realmente passar. Certo dizer que não era o que as pessoas estavam habituadas ou queriam ouvir, mas quem disse que deve se fazer música para os outros? Syd colocava sua personalidade nas músicas, como todo bom músico, porém não foi reconhecido, o que leva a crer que ele em si, e não só sua música, era incompreendido. Brilhante e genial.         

Sua marca registrada está no primeiro álbum, que tem seu psicodelismo específico, bem diferente do restante dos álbuns. Bastante teclados com som de órgão clássico para músicas psicodélicas, urros e barulhos com a boca como “Tsh tsh, Puuf, Aah” que colocavam aquele toque magnífico e até esquisito na música, o que na minha opinião deixa a música mais rica , instrumentos de sopro como trompetes e tubas não muito usuais mas que lembravam uma espécie de banda de circo ou aquelas músicas de parque de diversões, mostrando aquele, tão repetido aqui, lado infantil de Syd e que dava realmente uma profundidade maior pra música com essa filosofia do modo de ver e fazer música com a serenidade e inocência de uma criança, e as letras que também carregavam a marca registrada de Syd. O segundo álbum é a despedida de Syd do Pink Floyd e as boas vindas a David Gilmour (que viria à ser o guitarrista e um dos vocais), tendo um estilo único dentre todos os álbuns: uma mesclagem do psicodelismo colorido, infantil e fantasioso de Syd Barret com o psicodelismo sombrio, profundo e mais trabalhado de David Gilmour. O que o torna um dos albuns mais perfeitos e um dos meus favoritos do Pink Floyd, justamente por essa mescla dos dois estilos que a banda viria a ter e ser reconhecido por tal. Carregando muitos tons sombrios, com uma progressividade mais bem trabalhada e uma estética mais detalhada, órgãos e guitarras mais acentuadas, deixando de lado os instrumentos de sopro na maioria das músicas, poesia psicodélica carregando exatamente a mistura do já final resquício de Syd Barret e mais acentuado no estilo que o Pink Floyd fixaria como seu estilo propriamente dito de progressivo psicodélico. 


Infelizmente seus problemas de constantemente não se concentrar e sempre parecer estar mergulhado em sua própria consciência sem ligar para o mundo exterior que acarretaram na sua saída da banda. Syd apresentava aspectos que lembravam o autismo e uma pequena parcela de esquizofrenia; o que realmente viria a lhe atingir mais tarde, acarretando problemas mentais mais profundos, numa espécie de autismo adquirido ao invés de já ter nascido com tal (oque vale realçar, não foi a causa de sua morte, já que faleceu devido à complicações de diabetes décadas depois somente em 2006). O que o impossibilitava de ter o compromisso que a banda necessitava, e infelizmente os integrantes tiveram que optar pelo melhor pra banda, mas nunca, nunca, abandonaram Syd Barrett. Sempre ficavam e ficaram com ele sempre e até seus anos finais, e não o deixavam se afastar. O companheirismo com Syd nunca os deixou; tira-lo da banda foi doloroso para todos os integrantes, mas necessário profissionalmente. Mesmo assim ainda fizeram questão de honrar e respeitar tal integrante com inúmeras homenagens em músicas e até um álbum inteiro em sua homenagem (Wish You Where Here; fica óbvia a homenagem prestada à Syd em todas as músicas), para demonstrar o quanto aquele homem significava para o Pink Floyd.

Syd deixou sua marca, mas acho que ainda não recebe a honra merecida por fãs.

Deixo aqui minha singela homenagem à esse ídolo que é Syd Barrett com uma música do seu último álbum com o Pink Floyd, que na minha opinião descreve Syd e sua vida da forma mais semelhante e completa possível (com exceção de Shine On You Crazy Diamond talvez, que é a maior e mais bela homenagem do Pink Floyd para com Syd Barrett). Essa não é a música de despedida de Syd, com a qual o álbum é terminado, mas uma igualmente perfeita, sem esse tom de despedida, e sim o tom clássico de Barrett e sua maneira de viver, entender, ser.





"Remember a day before today,

A day when you were young.

Free to play alone with time,

Evening never came.

Sing a song that can't be sung,

Without the morning's kiss.

Queen - you shall be be it with you wish,

Look for your king.

Why can't we play today?

Why can't we stay that way? 



Clim your favorite apple tree,

Try to catch the sun.

Hide from your little brother's gun,

Dream yourself away.

Why can't we reach the sun?

Why can't we blow the years away?



Blow away, Blow away.

Remember, Remember." 






Brilhe como um diamante louco, como um gênio que descobriu o segredo cedo demais, como esse gênio incompreendido que você é, Syd Barrett... eternamente.



"And what exactly is a dream? 



And what exactly is a joke?"












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