Monday, December 15, 2014

Sala de Espelhos


A brisa levemente fria faz falta, ninguém pensa bem num ambiente abafado.
Mergulhar nas sombras de si mesmo e do ambiente seria perfeito, onde um sussurro parecesse um grito, onde o rabiscar fosse claramente audível... criar e adentrar no próprio terror auto-imaginativo, criar e adentrar nas próprias dúvidas afim de uma conclusão, e assim, criar luz na escuridão em que se encontra, interna e externamente, mental e fisicamente.
23:25, “Darmstadt te ama”.
Mulher, eu deveria ficar sozinho aqui, é mais saldável... vocês interferem na minha escuridão contemplativa. Mas ao mesmo tempo, não consigo viver sem vocês... E quando conseguir? Será que o quero?
A vida me ensinou, não por opção, à tirar proveito e admirar a solidão.
Um grande homem me ensinou à deseja-la.
Mas a vida me ensinou à não deseja-la.
Uma balança eterna dentro de si, prós e contras antagônicos.
Acordo, e estou numa enorme sala, vazia, teto baixo, chão de cimento, paredes de azulejos sujos; há uma escada enferrujada que leva para cima, à um orifício no teto, mais à frente... cada passo ecoa metálico ao subi-la. A escada leva-me à uma sala de espelhos, vasta, imensa, onde mesmo o chão e o teto são espelhos, e ao me situar, percebo que o orifício pelo qual vim também agora é ou sempre foi um espelho. Ah, estou agora feliz? Tudo o que tenho é a mim mesmo... finalmente.
E eu me observo dentro de um globo de água que rodo em minha mão, na sala de espelhos e seus milhares de reflexos de mim.
Acordo, e estou numa enorme sala, vazia, teto baixo, chão de cimento, paredes de azulejos sujos; à frente há uma poltrona, onde me vejo sentado, padecido, sem vida... eu caio e curvo-me, me desfazendo em lágrimas aos pés de mim mesmo.

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