Thursday, August 20, 2015

Good Times for a Change




Tive um sonho ontem... um lindo, porém terrível sonho...
Será que isso é digno de ter palavras dedicadas para tal?
Amor dedicado, compartilhado, possessivo, viciante, extasiante, inebriante, destruidor.
Sim... um amor que existiu...

Ainda assim, eis me aqui, um amante solitário que nada mais faz que seguir seu enfadonho destino... amar. E em frente...
É sempre esquisito. Mas ele existiu, e se existiu, ainda está por aí. Não há porque profanar a dádiva do amor... é sempre raro, mas se encontra às vezes; basta permitir-se tentar, sem medo. Já escrevi muito sobre amor, mas é sempre algo que se pode discorrer por mais algumas linhas.
O amor é uma das essências fundamentais da vida, e necessário para a plenitude da mesma. Mesmo que seja o amor por si, ou pela vida... vive-se sem alguém, mas não vive-se sem amor.
É real, e não importa que digam o contrário. Flutua ao nosso redor, mas poucos o sentem, não se escolhe senti-lo, ele surge e se apossa de suas vias respiratórias e se espalha por todo o seu ser... aquela leve sensação de falta de ar, de tudo ser magnífico dentro de ti... é, eis seu início. Porém como é o que de mais belo há no mundo, seus finais sempre são os piores possíveis... como o maior dos bens, ao ter seu fim, causa o maior dos males. E eis aqui o seu caráter destrutivo, eis aqui o testemunho de mais uma chance... meu clamor por finalmente poder ter o que eu queria... que os acasos não me permitiram ter.
Mas o amor é incansável, a vida me aguarda... “good times for a change...”

Esta maior espada de dois gumes (como já me referi em outro texto sobre o amor) que leva as pessoas a desistirem dele, não almeja-lo... medo da dor de seu fim.
Pessimismo. Covardia.
Nem tudo se inicia já com seu fim fadado, falta esperança no olhar das pessoas, sempre há luz... “and it never goes out”.
Um fim pode ser sempre um novo começo, a dor é densa, perdura, porém não é eterna. E haverá o consolo de que, se realmente doeu, é porque foi real... e o amor é para poucos. Sinta isso.
Mas, por quê...? tsc... sempre há, e sempre haverá o “Por que acabou?”... e isso sempre será destrutivo para os amantes mais apaixonados... pois os mais apaixonados nunca acham que acabará. De verdade, se for amor de verdade... você não veria um fim para ele. Sempre estará ali, em sua mente, você e o amor da sua vida, sempre juntos, por todos os dias restantes. Acabou, e você mergulhará na sua própria amargura, o líquido mais viscoso e ocre da vida... a morte de um amor.

Mas não, não é um túnel de escuridão sem fim, um turbilhão negro de negatividade. Este é meu estado natural, feliz ou infelizmente, sempre o foi. Sozinho, as alegrias da vida ainda me soam puras, meu amor pela vida é insuperável... gostaria de verdade que mais pessoas compartilhassem disso, gostaria de iluminá-las com essa dádiva que é amar a vida sobre todas as coisas. Ter noção do que é um sorriso sincero simplesmente por estar vivo e aproveitando sua vida. Desejando-a... minha eterna amante, a vida! E, no fim... poderei dizer que vivi, aprendi, amei... eis uma vida digna. Sem medos, sem limitações. Ria, chore, grite, cante, ame, sinta este prazer único, sinta a dor fúnebre, olhe ao redor... a vida continua ali...
Viva-a, e ame novamente!

“Die Liebe wirkt magisch.
Sie ist der Endzweck der Weltgeschiche, das Amen des Universum.”
(O Amor trabalha magicamente. É a finalidade da história do mundo, o Amém do Universo.)
- Novalis



E eis me aqui, ao som deste meu eterno cântico solitário, novamente, novamente... e não és por ser solitário que serás infeliz.

A balada do eternamente romântico, eternamente frustrado, porém... eternamente apaixonado.
Medo de amar é medo de viver.




Friday, August 14, 2015

Como a Vida o impele à ser...

Em passadas trêmulas, você decide seguir o dia presente que chama teu nome, com o sol a inundar o convite.
Você parte a caminhar... Solitário, errante e sorridente, como a vida o impele à ser...
Marca teus passos na areia úmida em direção às águas;
Quer doar-se ao mundo, e senti-lo em seu desbravar!

“Ah, doce vento da vida, teu dialeto me soa como música. Entrego-me á ti de braços abertos! Quero seguir-te e compreender a vida e a morte, o mundo e o Universo!”
E eis que seu gargalhar perante o momento exala tamanha alegria a brilhar como o sol que te banhas.
Solitário, errante e sorridente, como a vida o impele à ser...

Mas do dia ao sol, fez-se nuvens, gélidas e cinzas, que da tua jornada não esperavas. Sonhavas com o frescor de um mar que não te acolheu... mas que tu, desbravador, riu-se e dissipou seu fardo.
A força lhe soou como carinho, e uma ave a grasnar no céu como testemunha de que havia beleza mesmo na fria resposta do mar. Mas a fria resposta dos dias jamais foram...
Neste momento porém, o presente lhe é uma dádiva!
Neste momento porém, teu sorriso poderia ser compartilhado!
Relutas em dividi-lo, nunca lhe foi habitual... porém é o que sempre quis.
Em passadas trêmulas, você decide seguir o dia presente que chama teu nome, com companheiros de riso a inundar o convite.

“Ah, dádiva da noite! Há companhia a dividir cânticos e teorias, no acalento de uma chama, perpetuadora de algo magnífico, o qual raras vezes me sussurra a vida: amizade. O prazer em dividir gostos e risadas. Neste momento, não sou somente meu; e é maravilhoso!”
Sente-se como as poucas vezes que a dança da vida lhe permitiu, ter um par ou dois para compartilhar esta dança. E o momento a passar, a se eternizar em gargalhadas ao vento.

Mas esta não é tua vida... ainda... se poderia o ser, não é a questão... no futuro guardam-se rumores, no presente guardam-se clamores; e tu vive deles.
A vida o impele, o chama... e você sabe para que.
Por teus passos persistentes na areia, tu clamas... ela quer somente à ti, e tu, somente à ela; somente tuas pegadas a marcar a trilha nestas areias que levam ao mar chamado “Vida”.
A brisa gélida lhe é acalento... No caminhar solitário, teus próprios pés são teus guias.

Solitário, errante e sorridente, como a vida o impele à ser... 

Friday, August 7, 2015

"Sim, as estrelas sempre me fazem rir!"

- À noite você vai olhar as estrelas. É pequeno demais lá em casa para que eu mostre onde está a minha. É melhor assim. Minha estrela será para você uma das estrelas. Então, você vai gostar de olhar todas as estrelas. Elas serão todas amigas suas. E depois vou lhe dar um presente.

Riu outra vez.

- Ah! Garotinho, garotinho, gosto de ouvir essa risada!
- Justamente esse será meu presente... será como a água...
- O que quer dizer?
- As estrelas que as pessoas têm nunca são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, não passam de luzinhas. Para outros, que são cientistas, elas são problemas. Para meu homem de negócios elas eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Você , ao contrário, terá estrelas que ninguém tem...
- O que quer dizer?
- Como estarei morando numa delas, como estarei rindo numa delas, quando você olhar para o céu, à noite, será como se todas as estrelas rissem. Você terá estrelas que sabem rir!

E riu outra vez.

- E, depois que se consolar (a gente sempre se consola), ficará contente por me ter conhecido. Sempre será meu amigo. Terá vontade de rir comigo. E às vezes abrirá a janela, sem mais nem menos, só por prazer... E seus amigos ficarão espantados quando o virem rindo a olhar para o céu. Então você lhes dirá:
“Sim, as estrelas sempre me fazem rir!”.
E eles vão achar que você é louco. E eu lhe terei pregado uma bela peça...

E riu outra vez.


(O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry)





Wednesday, August 5, 2015

O Prisma sobre o Xadrez da Vida

Ouço numa sinfonia anjos conversando, ou demônios falando, ou ambos digladiando.
Se eu deitar-me como ouvinte em seus cânticos, serão capazes de seguirem meus sonhos, pelo rastro de meu sono? E exercer sua influência sobre tal mente conflitosa? Tais anjos e demônios...
Ouço-os... digladiando-se ou apenas trocando palavras? Ou em silêncio, e o que ouço sejam apenas os movimentos sutis das peças de um xadrez.
Quem dirá que já não exercem sua influência? ... Qual deles?
Quem dirá que estas palavras já não sejam obra dissimulada de um deles? ... Qual deles?
Anjos, Demônios, Homens. Quem joga o xadrez da vida cuja mente em prêmio é a minha?
Como saber se esse jogo... já não terminou?
Quem ganha, quem perde... quem está aqui agora escrevendo-vos?
Num mundo estagnado e conformista, porém, modificadores de pensamento são o bem supremo... mas são vistos como demônios! Acho que a palavra ‘visionário’ para eles tem algum sinônimo com este último.
Eis então que os verdadeiros anjos, traduzidos pelo prisma caleidoscópico embaçado de tais seres, são visualizados na forma de demônios. O que gira nosso tabuleiro ambíguo de interpretações e influências de cabeça para baixo; e o questionamento de quem afinal está aqui, torna-se ainda mais complicado. Anjos que parecem demônios, demônios que parecem anjos, e homens que parecem... ambos.
Em alguns séculos eu seria louco, em outros professor. Mas em todos eu teria um caráter comum: seria ion, “o que vai”, viajante.
O que ditaria essa diferença? O prisma intelecto moral dos homens em enxergar anjos ou demônios. Esta estatística dos valores o representará.
Na busca por uma influência... viva como anjo ou como demônio.  Mas porque não como... homem? E ter a influência apenas de si? Ah... o individualista. O prisma só tem duas opções de vista permitidas; não haverá meio termo. Te exigirão um sim ou um não, na maioria das vezes lhe imporão um sim ou um não.
Como no xadrez, só há dois lados, e não há paz no tabuleiro. Não há um terceiro conjunto de peças que possam apaziguar os exércitos, o jogo não funciona assim. O jogo é simplesmente binário em opções, e a luta é a única opção. Não há paz no tabuleiro.
A partir do momento em que se entra no jogo, ou se é anjo, ou se é demônio, ou escolhe-se as pretas, ou escolhe-se as brancas; a outra única opção é de espectador.
O primeiro passo para a vitória é o cuidado, que está em saber realmente quais peças você escolheu... Pretas? Brancas? Mas quem montou mesmo o seu prisma...? Será que ele não é projetado para enxergar pretas como brancas e brancas como pretas?
Você enxerga além do seu prisma...?
Pretas.
Brancas.
Anjos.
Demônios


"When Nietzsche Wept" - diálogo final

Nietzsche:
- Sinto-me perdido. Não sei... Sinto que perdi Lou... E você. Tudo, acho eu.
Como você obstruiria Bertha de sua mente, e você tem uma família. Você tem sua família e eu, minhas pretensões. Meu modo secreto de suportar minha solidão. Mas eu a glorifico, não? (...)
E eu só não quero morrer sozinho. Não quero que meu corpo seja descoberto... pelo fedor. Lou abrandou esse medo meu por um tempo. (...)
Mas você tem razão. Que ilusão... Que ilusão.

Breuer:

- Friedrich... Friedrich, ela se importa com você. Ela foi aos extremos para ajudá-lo. (...)
Se suas lágrimas pudessem falar... o que diriam?

Nietzsche:

- Sinto tanta vergonha...

Breuer:

- Conte-me...

Nietzsche:

- Minhas lágrimas diriam que estamos livres. (...)
Ele nunca nos deixou sair... até Dr. Breuer abrir o portão.

Breuer:

- E a tristeza por trás destas lágrimas?

Nietzsche:

- Não, não é tristeza. É um alívio... é um alívio! (...)
É a primeira vez que revelo minha solidão. Está se dissolvendo, está se dissipando...

Breuer:

- O paradoxo. O isolamento só existe no isolamento. Uma vez compartilhado, se evapora... Meu querido amigo.

Nietzsche:

- Somos amigos... Gosto de dizer isso. (...)
Ninguém nunca me disse isso... (...)
Eu gosto disso... gosto disso. (...) Gosto disso. Somos amigos... Isso é bom.

Breuer:

- Friedrich... fique conosco essa noite. Jante comigo e minha família.

Nietzsche:

- Não... seria abandonar minha missão, Josef. É hora de nos separarmos. (...) “Éramos amigos e nos tornamos estranhos um para o outro. É como tinha de ser. Não queremos ocultar nem obscurecer o fato como se tivéssemos de ter vergonha disso. Somos dois navios, cada qual com sua meta e seu curso. E finalmente, Dr. Breuer... nos tornamos estranhos um para o outro, porque é a lei a qual estamos sujeitos.”

Breuer:

- Faça uma boa viagem... meu querido amigo.




*Dedico à meus grandiosos e pouquíssimos, os quais posso chamar de amigos.





 

I like the way you smile...

"Why don't we just sit and stare and do nothing?
Nothing at all for a while,
I like the way you smile."

iwndiwn - 57


iwndiwn - 56


Rubro Lago de Desejos

Deitar-te-ei nos lençóis, e entoaria desabafos em vermelha luxúria, em forma de monólogos sussurros ao teu ouvido;
Aos quais tua única resposta capaz seriam júbilos e súplicas de prazer indefinidos; tuas palavras, apenas suspiros monossilábicos.
E como ecos de clamor óbvio de nossos corpos, minhas e tuas vestimentas jazem ao chão, junto de nossos preceitos morais. Dor, violência, prazer, são papéis na mesma peça e dividem o palco onde somos atores principais. No melhor espetáculo onde corpo e alma são um, onde sentimentos e desejos são exalados, em mesma proporção, simultaneamente.
Esta Ode à luxúria, esta ode ao corpo, rubro lago de desejos, humanos, onde tudo é entregue!
Suspiras, e tomes fôlego, em tua cólera de vontades...
A cerimônia à de começar, e teu corpo és o primeiro ato. 

Sunday, August 2, 2015

"Você tem de ser gentil consigo mesmo."

Necessidade de terceiros, a compreensão de uma companhia... é auto flagelo, imposto ao fardo natural do ego: a solidão
Auto suficiência; resposta. Saída da tragédia da vida. Jamais uma fuga; de frente aos jugos que a vida há de lançar, com o peito aberto, as mãos serradas.
Cada baque, uma evolução. Não flagelo, Autodestruição. Vindoura edificação de algo superior. Sábio e melancólico, feliz e robusto porém...

Ela está à tua frente, encara-te.
Entregue-te ou saia do palco.
Desafia-te à perfeição, e fadado à agonia estará. Ela é incompreensível e subjetiva. Ignora-se ou teme-se o que não se conhece; mesmo que torne-te, jamais lhe compreenderão, apenas o próprio espelho há de fazê-lo. Um homem fora de seu tempo, isolado em seu próprio cume...

Conseguem sentir a brisa gélida...? Podem partilhar de minha alegria...?
Não ouvem meu riso, e o eco distante me soa como pranto. Para eles não existo, irreconhecível... distante demais, alto demais; por conseguinte, pequeno a seus olhos.
O abismo da perfeição às vezes é o mesmo da solidão. Se é que existe.
Ausência de sentimento, compaixão... solução? Independência, autoproclamação.
Torne-te teu próprio discípulo e teu próprio deus.

E mesmo assim... ah... por que o sorriso às vezes me falha?
Aqui é frio...
Rabisco numa pedra:
“Você tem de ser gentil consigo mesmo.”

E assisto de minha montanha isolada o crepúsculo de minha consciência.



Saturday, August 1, 2015

Sob o entoar do Requiem



Ao soar da primeira nota, a primeira corda, o primeiro deslizar...
O ressoar imediato em minha espinha, a corrente vibração a meus membros, um toque em meu peito;

Num transe caótico, impulsos sonoros de tentação. Ode a euforia!
Espasmos de poesia... as notas, os versos... Aah...
Mais alto! Ecoe! SIM!
De meus ouvidos a meus dedos, contorcendo-se em dissonante prazer.
Urros de liberdade, olhos em fulgor.

Sinto a mente queimar num turbilhão  de orgasmos psíquicos... uma torrente de felicidade molecular à inundar meu sangue.
Escarlate como a dor, escarlate como o prazer, escarlate como o Amor...
Uma tríade de apenas uma face
A vida em contínuo ardor...


Ouça! Murmúrios do paraíso ecoam com a pujança de mil trombetas!
Clamor em chamas de mil estrelas!
Dentro de meu ser, queima a chama da plenitude.
Consuma-me, padeça-me...

Cante em minha mente enquanto durmo os versos finais deste Requiem.