Monday, December 21, 2015

Cântico da Donzela das Terras do Norte


Ao teu cântico nas pedras a zelar o mar, ecoando aos quatro ventos e nas águas infindáveis...
Ecos do teu lamento heroico, apaixonado... de onde tamanha beleza incomparável, à encantar e saudar os deuses.
Corri nos labirintos de minha consciência dual, em meu tríplice microcosmo, endeusificado de dentro para fora, perseguindo aquela voz que me arrebatara de meu sono consciente, e me guiava à um plano divino... Onde os quatro ventos cruzavam-se, e as águas banhavam a tua longínqua terra, curvando-se a teus pés, a quebrantar-se nas rochas, oscilando em sua sinfonia. Neste litoral divino, onde eu poderia ouvir deuses a celebrar em cantos e danças... e a fonte, com certeza também divina, daquela voz...
Grito e então liberto-me! Em meu fascínio, que conseguiste me preencher com tua luz, sim, alcançarei tua voz, oh... minha donzela desconhecida!
Em meu plano, a tentar fazer-me ouvir, canto... a tentar alcançar-te, canto... e o portal se abre.
Avisto-a em teu cântico... e num estágio de admiração catatônica, deslumbro-te o semblante, o olhar fino e penetrante, teus fios dourados a esvoaçar ao toque dos ventos; soa como se fosses a própria deusa a quem invoca teu canto uivante, donzela das terras do Norte.
Sublime voz a transpassar dimensões... a trespassar meu corpo, mente, alma.
Sublime voz a entoar e me possuir com sua luz, de tua beleza à serenidade de teu canto, tu endeusificada de dentro para fora, teu lamento me alcançou.
Transporto-me à tua frente, as janelas de nossas almas cruzam-se, e nossas vozes em uníssono; somos, então, um... minha donzela não mais desconhecida, donzela das terras do Norte.
Cantemos, cantemos mais... para que eu possa sempre me guiar pelo seu sublime tom, e nunca mais perder-te de vista; arrebata-me novamente em teu glorioso cântico, agora e para sempre!
Que sejamos um em voz, sejamos um... neste cântico divino a entoar pela eternidade... minha donzela das terras do Norte.
Cantemos, cantemos mais... e purifiquemo-nos com esta sinfonia ao Universo!
Cantemos...
Cante...





I'm the Crawling King Snake, and I rule my den...


Suspiro o ardor percorrendo minha pele, teus olhos suplicam-me... Eis o rei cobra rastejante, e você... em meu antro eu mando.
Tu curva-se às minha regras, tu curva-se à meu desejo, tu curva-se ao chão enquanto clamo por satisfazê-lo.
Teus fios de cabelo por entre meus dedos à força; puxo-te à mim, e teu suspirar me encanta... como um canto de vênus à arrebatar-se em chamas. Ardendo por cada curvatura de teu ser, em clamor por me ter...
“Ainda não”... sussurro em teu ouvido, enquanto abaixo tua face.
Deslizo por tuas costas, os mesmos suaves dedos que rasgarão-lhe a carne em seguida; teu grito me impulsiona em algo mais que êxtase, e teu gemido desesperado faz-me reter violentamente minhas mãos, repetidas vezes, contra a carne de tuas coxas...
O calor infindável percorrendo minhas veias não me permite parar, não até teu urro libidinoso de dor sessar; abafado pela dormência de tua carne, banhada em rubro, como sangue que nada mais rente a tua pele...
Teus sussurros abafados soam-me apenas como “Mais... mais... mais...”... Ah... arrasto-me por entre a curvatura de tua coluna, e marco tua pele com a mesma suave boca que lhe desliza em inextinguível prazer e serenidade, como um lençol de veludo escarlate à lhe cobrir.
Viro-te à mim, que me encara com olhos finos e anis, como flechas com um único objetivo, desejosos apenas pelo ato final... tua boca exala apenas o vapor ensandecido a desfigurar meu controle. Meus dedos enrolam-se em tua garganta, teu ar subjugado transparece no seu olhar em mescla de pânico e ansiedade, enquanto tateio a carne macia de teu pescoço, num último gesto de força, lanço-te para trás; e tu num suspiro liberado que soa quase como um urro desesperado, ofegante me encara, com o mesmo olhar suplicante, desejoso, extasiado...
Envolto de tua cintura, arrasto-a para meu corpo, que num ardor queima em cada canto de tua pele; deslizo-lhe a mão em cada canto de toda a escultura que é teu corpo, suspirando junto à ti num furor de êxtase, e mais uma vez enlaço meus dedos aos fios de tua nuca e cabelo, preciono-a contra mim, e sussurro melodicamente em teu ouvido...:
“I am the Crawling King Snake... and i rule my den. You better give me what i want...”
Enfim, entregando-te ao júbilo máximo do prazer, sentindo-se exalar por cada poro de nossos corpos um canto de luxúria uivante de dor.

Saturday, December 12, 2015

Paixões, Doce Suspiro do Incerto e Inesperado


Mente e coração; desejosa frustração de acasos valiosos, em rara ocasião. Paixões são inegáveis, e você adora se aventurar. Diverte-se com corações, és um eterno amante, e abraça cada paixão. Não com avidez, mas delicadeza, saboreando cada gota deste mel que é mais doce quando escorre aos poucos. Se irá regozijar ou lamuriar, não se importa de início... a mente é forte para suportar; com riso ou uma introspecção a calar. Não as nega, pois são raras, pois não és covarde, pois ama se apaixonar. Por sorrisos e olhares, por intelecto e eloquência. Apaixonados, nos sentimos vivos, é divertido este estado... e mais divertido ainda encontrar pessoas de valores tão fascinantes, estas sim são paixões à não se negar. Pessoas fascinantes são raras. Sábios em tempos de ignorância. Ah... porque não se amar? Não é dependência de terceiros; se somos sábios, temos conhecimento de independentes sermos, que cada qual vive unicamente a si mesmo. Mas por que não adoçar mais a vida com um divertimento perigoso? Paixões são distrações, às vezes podem até evoluir. Se a vida lhe permite esta fonte de dor e prazer, por que negar-lhe? Temos sede de vida, sede de vidas, sede de nos sentirmos vivos! Nos saciemos com este líquido inebriante dos vinhedos da vida, sacramento do êxtase, da liberdade terna e ofegante, desejosa por mais ar, ar compartilhado, olhares compartilhados, lábios compartilhados...
Mas, afinal... escrevo à ti? Há uma paixão traduzida aqui? Proibindo-me de exaltar-lhe abertamente, disfarço em versos o delicioso escorrer de uma torrente romântica, por ora, inalcançável... talvez?

Aah... Êxtase poético; cada palavra faz-me palpitar o coração, num expurgo de nervos que percorrem todo meu ser... a cada bater, contração, dilatação... AAH! Doce suspiro, melancólico, esperançoso, apaixonado... oculto-lhe enquanto meu sorriso sádico apenas admira-lhe. Saboreio cada momento do incerto e inesperado, aos poucos a deslizar da ponta de meus dedos até meus lábios. E enfim, suspirar a agoniante e igualmente viciante aura de uma paixão, deitar-se tranquilo e finalmente... sonhar com o amor, e apenas sonhar. O amor a vida e a si, sempre são presentes, fiéis, necessários... não são estes a que refiro. O amor a alguém, este sim, é o que deita-se contigo em sonho, apenas um sonho... não tão necessário... mas não custa sonhar, amar, compartilhar.

Tu amaste, provavelmente, apenas pessoas que não existem, se não em tua mente.
Deuses não estão destinados à mortais, se não apenas para divertir-se como seres viventes.

Qual é o motivo de se relutar? Se machucar? Por favor... vá viver... se irá ou não doer? Como saber? Você só tem uma chance de viver, acostume-se com a dor e o prazer, e sempre a sorrir... caso contrário, irás apenas existir.

Thursday, December 3, 2015

Ohne Musik wäre das Leben ein Irrtum


Criadores de Mundos


Num pensamento, surgem lendas
Num rabiscar, surgem heróis
E numa palavra, surge materializada, o imaginável, apenas pela pureza do olhar, concebível e tocável.
A mente é o limite, e se criamos, é porque não há limites.
Caneta e papel, lápis e folha, pensamento infindável, páginas em branco, deuses da criação!
Em nosso ímpeto, tamanho, criamos nossa própria Eva, nosso próprio Adão.
Num sopro, temos nosso Éden, nossa Nárnia, nossa Terra do Nunca, ou nosso B 612...
Lutamos com Chingachgook, nos aventuramos com Bilbo, fugimos com Ford Prefect, tomamos chá com o Chapeleiro, caminhamos relutantes e agoniados por Innsmouth, testemunhamos a queda de Tróia com Aquiles, descemos atônitos ao inferno com Virgílio...
Sem contentar-se, as páginas abertas, mergulho da mente ao abismo que torna-se pico, ascensão sem limites...
Imaginação... “E fez-se a luz.”

Nosso mundo se criou; nossas terras e mares, mais verdejantes ou sombrias que qualquer outra, mais azuis ou profundos que qualquer outro; nossos seres e criaturas, mais enigmáticos que qualquer paradoxo, mais fascinantes que qualquer segredo.
Seja inundado em fogo infernal ou paz celestial, sejam em ferro e sangue ou magia e espíritos;
Criamos amor, criamos ódio.
Num verso, reinos caem, num outro, anjos nascem;
Num traço, uma divindade, num outro, uma rainha;
Materializamos o irreal; da ilusão da realidade temos a perspectiva.
À possibilidade a negação, não admitimos a limitação.
Deuses nascem, deuses morrem.
Somos Criadores de Mundos.
Nada é real, logo, tudo é possível.

I'm setting the example


"What sick ridiculous puppets we are, and what gross little stage we dance on. What fun we have dancing and fucking. Not a care in the world. Not knowing that we are nothing. We are not what was intended."


Se7en (1995)



iwndiwn - 58 (ou Ascending)


Carpe


"Carpe Diem. Seize the day, boys. Make your lives extraordinay."


Dead Poets Society (1989)