Thursday, November 29, 2012
Thursday, November 1, 2012
iwndiwn-34
And no one calls us to move on, and no one forces down our eyes.
And no one speaks and no one tries,
And no one flies around the Sun.
Monday, October 22, 2012
Saturday, October 6, 2012
Thursday, October 4, 2012
Wednesday, October 3, 2012
Nas Altas Montanhas - Canção / Epílogo
Ó meio-dia da vida! Solene momento!
Ó jardim de verão!
Inquieta felicidade em estar de pé e espreitar e esperar: -
Os amigos aguardo, dia e noite a postos,
Onde estais, amigos? Vinde! É tempo! É tempo!
Não foi para vós que o cinzento da geleira
Hoje se adornou de rosas?
O riacho vos busca, sequiosos hoje se aglomeram e se empurram
O vento e as nuvens nas alturas azuis,
A espreitar por vós a partir da mais distante vista de pássaro.
Em alturas extremas foi posta minha mesa para vós: -
Quem tão próximo mora
Das estrelas, das distancias apavorantes do abismo?
Meu reino - que reino mais longe se estendeu?
E o meu mel - quem é que o provou? ...
- Aí estais, amigos! Ai, mas não sou eu
A quem procurais?
Vós hesitais, pasmados - ah, preferia vosso rancor!
Eu - não sou mais eu? Mudamos a mão, o passo, a face?
E o que sou, amigos - não o sou para vós?
Outro terei me tornado? E estranho a mim mesmo?
De mim mesmo evadido?
Um lutador que vezes demais a si mesmo subjugou?
Vezes demais se opôs à própria força,
Ferido e tolhido pela vitória sobre si próprio?
Procurei o lugar em que o vento sopra mais cortante?
Aprendi a morar,
Onde ninguém mora, nas zonas desertas do urso branco,
Desaprendi homem e deus, maldição e oração?
Tornei-me espectro a vagar sobre as geleiras?
- Vós, velhos amigos! Vede! Agora é pálida a vossa aparência,
Plenos de amor e assombro!
Não, ide! Sem ira! Aqui - não podeis vós habitar:
Aqui, em meio ao mais remoto reino de gelo e penhascos -
Aqui é preciso ser caçador e semelhante à camurça.
Um terrível caçador me tornei! - Vede, quão
Imponentemente retesado o meu arco!
Foi o mais forte de todos a tensionar com essa tensão -- :
Mas agora, ai! Perigosa é a seta,
Como nenhuma seta - fora daqui! - Para vosso bem! ...
Dais a volta? - Ó coração, tu suportas bastante,
Forte permaneceu a tua esperança:
Mantém a novos amigos as tuas portas abertas!
Deixa os velhos! Deixa as recordações!
Outrora eras jovens, agora - és jovem de um modo ainda melhor!
Oque no passado nos ligava, o laço de uma só esperança, -
Quem lê os sinais, ainda,
Que o amor uma vez inscreveu, empalidecidos?
Ao pergaminho o comparo, que a mão
Tocar teme - igual a ele, escurecido, queimado.
Não amigos mais, mas - que nome então darei? -
Apenas espectros de amigos!
Que à noite decerto ainda batem-me o coração e à janela,
Que me olham e falam: "Mas não éramos amigos?" -
Ó palavra murcha, que uma vez cheirava a rosas!
Ó ânsia juvenil que a si mesma enganou!
Aqueles por quem eu ansiei,
Que eu julgava a mim mesmo aparentados - transformados,
O fato de envelhecerem os baniu para longe:
Apenas quem se transforma permanece a mim aparentado.
Ó meio-dia da vida! Segunda juventude!
Ó jardim de verão!
Inquieta felicidade em estar de pé e espreitar e esperar!
Aguardo os amigos, dia e noite a postos,
Os novos amigos! Vinde! É tempo! É tempo!
***
Esta canção terminou - da saudade o doce grito
Morreu na boca:
Obra de um mago, do amigo na hora oportuna,
Do amigo do meio-dia - não! Não pergunteis quem seja -
Foi ao meio-dia que um se tornou dois...
Celebramos agora, seguros de unida vitória.
A festa das festas:
O amigo Zaratustra chegou, o hóspede dos hóspedes!
Ri agora o mundo, rasgou-se a horrenda cortina,
Chegou a hora do casamento entre a luz e as trevas...
Friedrich Wilhelm Nietzsche
Além do Bem e do Mal - Epílogo (1886)
Ó jardim de verão!
Inquieta felicidade em estar de pé e espreitar e esperar: -
Os amigos aguardo, dia e noite a postos,
Onde estais, amigos? Vinde! É tempo! É tempo!
Não foi para vós que o cinzento da geleira
Hoje se adornou de rosas?
O riacho vos busca, sequiosos hoje se aglomeram e se empurram
O vento e as nuvens nas alturas azuis,
A espreitar por vós a partir da mais distante vista de pássaro.
Em alturas extremas foi posta minha mesa para vós: -
Quem tão próximo mora
Das estrelas, das distancias apavorantes do abismo?
Meu reino - que reino mais longe se estendeu?
E o meu mel - quem é que o provou? ...
- Aí estais, amigos! Ai, mas não sou eu
A quem procurais?
Vós hesitais, pasmados - ah, preferia vosso rancor!
Eu - não sou mais eu? Mudamos a mão, o passo, a face?
E o que sou, amigos - não o sou para vós?
Outro terei me tornado? E estranho a mim mesmo?
De mim mesmo evadido?
Um lutador que vezes demais a si mesmo subjugou?
Vezes demais se opôs à própria força,
Ferido e tolhido pela vitória sobre si próprio?
Procurei o lugar em que o vento sopra mais cortante?
Aprendi a morar,
Onde ninguém mora, nas zonas desertas do urso branco,
Desaprendi homem e deus, maldição e oração?
Tornei-me espectro a vagar sobre as geleiras?
- Vós, velhos amigos! Vede! Agora é pálida a vossa aparência,
Plenos de amor e assombro!
Não, ide! Sem ira! Aqui - não podeis vós habitar:
Aqui, em meio ao mais remoto reino de gelo e penhascos -
Aqui é preciso ser caçador e semelhante à camurça.
Um terrível caçador me tornei! - Vede, quão
Imponentemente retesado o meu arco!
Foi o mais forte de todos a tensionar com essa tensão -- :
Mas agora, ai! Perigosa é a seta,
Como nenhuma seta - fora daqui! - Para vosso bem! ...
Dais a volta? - Ó coração, tu suportas bastante,
Forte permaneceu a tua esperança:
Mantém a novos amigos as tuas portas abertas!
Deixa os velhos! Deixa as recordações!
Outrora eras jovens, agora - és jovem de um modo ainda melhor!
Oque no passado nos ligava, o laço de uma só esperança, -
Quem lê os sinais, ainda,
Que o amor uma vez inscreveu, empalidecidos?
Ao pergaminho o comparo, que a mão
Tocar teme - igual a ele, escurecido, queimado.
Não amigos mais, mas - que nome então darei? -
Apenas espectros de amigos!
Que à noite decerto ainda batem-me o coração e à janela,
Que me olham e falam: "Mas não éramos amigos?" -
Ó palavra murcha, que uma vez cheirava a rosas!
Ó ânsia juvenil que a si mesma enganou!
Aqueles por quem eu ansiei,
Que eu julgava a mim mesmo aparentados - transformados,
O fato de envelhecerem os baniu para longe:
Apenas quem se transforma permanece a mim aparentado.
Ó meio-dia da vida! Segunda juventude!
Ó jardim de verão!
Inquieta felicidade em estar de pé e espreitar e esperar!
Aguardo os amigos, dia e noite a postos,
Os novos amigos! Vinde! É tempo! É tempo!
***
Esta canção terminou - da saudade o doce grito
Morreu na boca:
Obra de um mago, do amigo na hora oportuna,
Do amigo do meio-dia - não! Não pergunteis quem seja -
Foi ao meio-dia que um se tornou dois...
Celebramos agora, seguros de unida vitória.
A festa das festas:
O amigo Zaratustra chegou, o hóspede dos hóspedes!
Ri agora o mundo, rasgou-se a horrenda cortina,
Chegou a hora do casamento entre a luz e as trevas...
Friedrich Wilhelm Nietzsche
Além do Bem e do Mal - Epílogo (1886)
Tuesday, October 2, 2012
iwndiwn-31
Reflexos. Um céu. Negro e Profundo. Refletem-se neste céu... em sua infinita escuridão. O reflexo em si.
Sonhando talvez. Não. As memórias são fortes demais para um sonho ter sido. Você levanta e abre a porta do quarto; no escuro enxerga-se uma ponte, e um homem à sua borda esquerda, como que o estivesse chamando-o, convidando-o. Acende-se a luz, apenas móveis. A TV desligada faz-lhe lembrar daquele céu, negro e profundo. Senta-se no sofá, você abaixa a cabeça para pensar. Eis que ouve-se um choro feminino, tão forte, tão intenso, que você diria que foi real se não fosse sua sanidade e certeza de que aquilo foi um pensamento. Como que despertado, espantado você olha ao redor, nada, você olha para a porta, trancada, você olha para o teto... não há teto.
Aquele céu, negro e profundo, que insistia em sua mente.
Mas... não há temor. Inesperadamente, não há temor, como se já estivesse ali outrora... aquilo, o reflexo da escuridão infinita, soa até familiar, intimamente familiar. Deita-se no chão para ter uma visão mais ampla daquela imensidão negra e profunda. Aquele céu, que é tão familiar em sua profundidade. Tudo tão infinito naquela escuridão, que aparentava-se nada haver ao seu redor; fechar e abrir os olhos não fazia mais diferença, tamanha a escuridão uniforme. Apenas a sua aparente consciência pode dizer-lhe se seus olhos realmente abertos estão.
Você olha para o lado, uma mulher ali deitada está, a olhar para a tal escuridão, ela sorri. Naquele exato instante você ouve aquele choro feminino num curto soluço... o choro era dela. Você sabe quem é ela.
Então, você a abraça, fecha os olhos e sorri... você sabe que não há lugar mais confortável do que em seu abraço. Ao abrir os olhos, ela está lhe encarando sorridente. Você pisca, e ela não estão mais ali... Desespero. Agonia, uma dor interna que contrai tudo em você... levanta-se com um ódio desesperado, põem-se as mãos na face e percebe-se que já está desabando em lágrimas. Sem secar as lágrimas, você estende amão para trás, como se pegasse algo, ou alguém, e segue em direção à porta; ao hesitar quando toca a maçaneta, a TV liga espontaneamente, e dela soa a faixa 15, com aquele solar dedilhado de um violão... e uma aura calmante e extasiante toma conta de seu corpo, e um sorriso tão belo, tão límpido, como se tivesse sido pintado ou esculpido surge em sua face. Você olha a mão que havia pego algo ou alguém, há um anel, dourado e simples; você fecha sua mão com firmeza, e abre a porta à sua frente.
A ponte e aquele homem à sua borda surgem, e mais nada há ao redor, toda aquela escuridão do céu agora toma conta de tudo. O homem ainda tem a mesma atitude, que mesmo apenas enxergando a sua silhueta fica claro; ele estende sua mão e depois a vira mostrando a direção à travessia. O convite é aceito.
Toda aquela escuridão converte-se numa luz ofuscante, porém não de forma caótica... de forma harmoniosa sim, como uma dança, a escuridão profunda torna-se uma luz intensa, que diminui gradativamente de intensidade... enxerga-se um portão e cercas baixas e brancas, uma casa e gramado. Ao olhar para trás ao céu, vê-se o homem de costas voltando para o outro lado da ponte, naquela imensidão; e o último acorde da faixa 15 lhe surge à mente, e você faz um leve gesto com a cabeça em compreensão.
Aquele seu sorriso como se fosse esculpido e pintado, tão lindo, perfeito... ele encontra seu reflexo, ao olhar novamente para a casa, em frente à mesma, à lhe encarar.
Sonhando talvez. Não. As memórias são fortes demais para um sonho ter sido. Você levanta e abre a porta do quarto; no escuro enxerga-se uma ponte, e um homem à sua borda esquerda, como que o estivesse chamando-o, convidando-o. Acende-se a luz, apenas móveis. A TV desligada faz-lhe lembrar daquele céu, negro e profundo. Senta-se no sofá, você abaixa a cabeça para pensar. Eis que ouve-se um choro feminino, tão forte, tão intenso, que você diria que foi real se não fosse sua sanidade e certeza de que aquilo foi um pensamento. Como que despertado, espantado você olha ao redor, nada, você olha para a porta, trancada, você olha para o teto... não há teto.
Aquele céu, negro e profundo, que insistia em sua mente.
Mas... não há temor. Inesperadamente, não há temor, como se já estivesse ali outrora... aquilo, o reflexo da escuridão infinita, soa até familiar, intimamente familiar. Deita-se no chão para ter uma visão mais ampla daquela imensidão negra e profunda. Aquele céu, que é tão familiar em sua profundidade. Tudo tão infinito naquela escuridão, que aparentava-se nada haver ao seu redor; fechar e abrir os olhos não fazia mais diferença, tamanha a escuridão uniforme. Apenas a sua aparente consciência pode dizer-lhe se seus olhos realmente abertos estão.
Você olha para o lado, uma mulher ali deitada está, a olhar para a tal escuridão, ela sorri. Naquele exato instante você ouve aquele choro feminino num curto soluço... o choro era dela. Você sabe quem é ela.
Então, você a abraça, fecha os olhos e sorri... você sabe que não há lugar mais confortável do que em seu abraço. Ao abrir os olhos, ela está lhe encarando sorridente. Você pisca, e ela não estão mais ali... Desespero. Agonia, uma dor interna que contrai tudo em você... levanta-se com um ódio desesperado, põem-se as mãos na face e percebe-se que já está desabando em lágrimas. Sem secar as lágrimas, você estende amão para trás, como se pegasse algo, ou alguém, e segue em direção à porta; ao hesitar quando toca a maçaneta, a TV liga espontaneamente, e dela soa a faixa 15, com aquele solar dedilhado de um violão... e uma aura calmante e extasiante toma conta de seu corpo, e um sorriso tão belo, tão límpido, como se tivesse sido pintado ou esculpido surge em sua face. Você olha a mão que havia pego algo ou alguém, há um anel, dourado e simples; você fecha sua mão com firmeza, e abre a porta à sua frente.
A ponte e aquele homem à sua borda surgem, e mais nada há ao redor, toda aquela escuridão do céu agora toma conta de tudo. O homem ainda tem a mesma atitude, que mesmo apenas enxergando a sua silhueta fica claro; ele estende sua mão e depois a vira mostrando a direção à travessia. O convite é aceito.
Toda aquela escuridão converte-se numa luz ofuscante, porém não de forma caótica... de forma harmoniosa sim, como uma dança, a escuridão profunda torna-se uma luz intensa, que diminui gradativamente de intensidade... enxerga-se um portão e cercas baixas e brancas, uma casa e gramado. Ao olhar para trás ao céu, vê-se o homem de costas voltando para o outro lado da ponte, naquela imensidão; e o último acorde da faixa 15 lhe surge à mente, e você faz um leve gesto com a cabeça em compreensão.
Aquele seu sorriso como se fosse esculpido e pintado, tão lindo, perfeito... ele encontra seu reflexo, ao olhar novamente para a casa, em frente à mesma, à lhe encarar.
Subscribe to:
Posts (Atom)