Friday, April 25, 2014

Fogo e Luz


Caminhe senhor, não há nada para ver, não há nada para ter.
Sonhe longe, aos poucos, para evitar tragédias. A inspiração excessiva, o sono privado, as vozes que não calam, a banalidade cotidiana ecoa.
Você liga o ventilador para abafar tudo e no frio mergulhar... tão frio fora, tão frio dentro; não há porque diferenciar.
Sonhos se chocam, futuros se anulam. A vida segue sempre em luta, agonias, gritos... ninguém parece ouvir um suspiro.
Será tudo tão trivial para todos?
Serão todos tão triviais para tudo?
Terás tudo, mas não terás nada ou terás nada, mas terás tudo?
A perspectiva ambígua, governa, amplia, destrói, cria.

Fogo que queima de dentro pra fora.
Luz que ilumina de dentro pra fora.
Onde há Fogo, há Luz.

Amanhã


Futuro... causa, efeito, lugar, estado?
De qualquer maneira, é nele que minha mente se encontra. À ele pertence? Só à ele é... presente? Haverá tendência à dor, até este chamar-se; o eterno não contentar-se, carrasco do Eu, presente Eu, futuro Eu. O Ego carrasco do Ego.
Sou sujeito à vontades que ainda não são. O amanhã no hoje.
Proclamo o viver, mas não vivo aqui; exijo demais da vida ou a vida exige demais de mim?
Questão. Sugestão.
Trilho o caminho do herói, mas meu sono é o do derrotado. Herói de mim; um Eu que não o é.

Não há nada de digno no agora. Está tudo no amanhã que eu mesmo preparei para mim no agora. Já estou lá, mas não estou; esperando por mim, mas não cheguei... e chegarei?
Está tudo em distante futuro, como lidar com a dependência deste futuro, como lidar com o agora? Hoje estou fraco, amanhã me revigoro, e tornando o amanhã em hoje, o presente muda e a força se sobressai, almejando a paz de um novo amanhã. Como sempre foi até então, está tudo no amanhã.


Tudo que importa.
O que importa?
Importa-me o sempre. Importa-me o perfeito.
Ilusões no presente.
Por isso vivo no amanhã.